Nitiren Daishonin nasceu em 16 de
fevereiro de 1222, na vila de Kominato, Província de Awa, na atual
Província de Tiba. Ao contrário de Sakyamuni, que foi filho de rei, os
pais de Nitiren Daishonin eram pescadores. Naquela época, os pescadores e
caçadores eram desprezados porque sua sobrevivência envolvia tirar a
vida. As circunstâncias de seu nascimento são muito significativas, pois
indicam o princípio budista da igualdade máxima de todas as pessoas,
independentemente de sua posição social ou de outros critérios
superficiais.
Ele recebeu o nome de Zenniti-maro e
viveu na vila de pescadores até 1233, quando, aos doze anos, deixou o
lar para estudar o budismo e outros ensinos seculares em um templo
próximo de onde morava, chamado Seityo.
Em seus estudos, percebeu várias
contradições entre os ensinos budistas; também determinou encontrar uma
resposta para os problemas da transitoriedade da vida humana, com a qual
estava profundamente preocupado. Nessa época, orava diante de uma
estátua do Bodhisattva Kokuzo (Repositório do Espaço) consagrada no
templo Seityo para se tornar o homem mais sábio do Japão. Graças a essas
orações, obteve uma “jóia da sabedoria” que posteriormente
possibilitou-lhe compreender a essência de todos os sutras. Após muito
estudo e contemplação, compreendeu a natureza da realidade máxima da
vida e do Universo. Considerando seu despertar como ponto de partida,
determinou prosseguir nos estudos para apresentar suas idéias de forma
sistemática.
Em 1237, tornou-se sacerdote budista e
adotou o nome Zesho-bo Rentyo. Em 1242, após ter passado alguns anos em
Kamakura — o centro do governo japonês na época — para dar
prosseguimento aos seus estudos, retornou para o templo Seityo. Sentindo
uma urgente necessidade de continuar os estudos, no mesmo ano partiu
para Quioto e Nara, os dois centros do budismo tradicional no Japão.
Permaneceu ali até 1253, quando sentiu ter descoberto o que buscava
havia tanto tempo: provas documentais irrefutáveis de que as doutrinas
de várias seitas não se baseiam de fato nos ensinos do fundador do
budismo e que o Sutra de Lótus estava sendo esquecido, este que DaiShonin considerava como o mais importante dos sutras.
Retornando ao templo Seityo, convicto de
que havia chegado a época de revelar suas descobertas aos outros,
Nitiren recitou o Nam–myoho-rengue-kyo pela primeira vez na manhã de 28
de abril de 1253 — apresentando dessa forma a toda a humanidade, a todas
as gerações vindouras, o caminho direto para a iluminação. Ele declarou
então que nenhum dos ensinos pré-Sutra de Lótus revelavam a iluminação
do Buda e que todas as seitas budistas que se baseavam nesses ensinos
eram desencaminhadoras. Adotou também o nome Nitiren.
Niti, de Nitiren, significa o sol ou a
luz lançada pela sabedoria de Nitiren Daishonin a todo o mundo para
eliminar a obscuridão que aflige a humanidade. Ren significa lótus e
indica que Nitiren Daishonin apareceu no mundo corrupto e dominado pela
discórdia para fazer com que as belas e puras flores da sabedoria e da
cultura desabrochassem no coração perturbado de todas as pessoas. Ren
também significa a lei de causa e efeito que atua nas profundezas da
vida. E faz parte do título do Sutra de Lótus, Myoho-rengue-kyo.
Tendo fundado os verdadeiros ensinos do
budismo e iniciado sua propagação, Daishonin encontrou as mais duras
perseguições, tanto das seitas budistas populares daquela época como das
autoridades governamentais, que protegiam essas seitas e confiavam em
suas orações para que findassem os contínuos desastres naturais que
ocorriam naquele período.
Nitiren Daishonin passou mais de duas
décadas ensinando às pessoas sobre o budismo e advertindo o governo —
para que os líderes levassem a paz à nação aceitando os verdadeiros
ensinos do budismo. Durante esse período, ele sobreviveu a dois exílios,
uma tentativa de execução, uma emboscada e numerosas tentativas de
colocarem-no em descrédito. Por fim, em 12 de maio de 1274, Nitiren
Daishonin deixou Kamakura e partiu para um local remoto no Monte Minobu
onde deu continuidade ao estágio final de suas atividades.
Nesse local, Nitiren Daishonin inscreveu
em 1279 o Daiohonzon — o objeto de devoção para toda a humanidade. Já
nessa época, havia discípulos e seguidores desejando arriscar a vida
para abraçarem e propagarem o Nam-myoho-rengue-kyo. Ele estava convicto
de que aqueles crentes decididos protegeriam seu ensino para toda a
posteridade.
Três anos depois, na manhã do dia 13 de
outubro de 1282, Nitiren Daishonin faleceu pacificamente na residência
de um seguidor onde hoje se localiza a cidade de Tóquio.
Podemos definir seu papel na corrente do
pensamento e da história budista da seguinte forma: Nitiren Daishonin
foi o Buda que despertou para a verdade suprema da vida desde o infinito
passado; isso aconteceu em um passado incalculavelmente distante antes
de o Buda Sakyamuni ter atingido sua iluminação no passado longínquo
chamado Gohyaku-Jintengo. Nitiren Daishonin definiu essa verdade como
Nam-myoho-rengue-kyo e incorporou-a no Gohonzon.
O Sutra de Lótus prediz que quando
chegassem os Últimos Dias da Lei, os Bodhisattvas da Terra apareceriam
para levar a salvação a toda a humanidade. Jogyo, o líder desses
bodhisattvas, é Nitiren Daishonin.
Por ter atingido a iluminação por si só —
com sua própria compreensão — e por ter revelado a verdade fundamental
da vida, Nitiren Daishonin é chamado de Buda original. E pelo fato de
ter manifestado a benevolência própria a um bodhisattva ao propagar o
ensino máximo do budismo na sociedade, levando as pessoas à iluminação,
ele é identificado como Bodhisattva Jogyo.
Filme sobre a vida de nichiren
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