quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O TAO e a sabedoria do silencio interno




Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu Chi (energia). Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.

Nunca faça promessas que não possa cumprir. Não se queixe, nem utilize palavras que projectem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.

Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor não dizer nada. Aprenda a ser como um espelho: observe e reflicta a energia. O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e acções, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.

Se se identifica com o êxito, terá êxito. Se se identifica com o fracasso, terá fracasso. Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna. Aprenda a ser como o universo, escutando e reflectindo a energia sem emoções densas e sem preconceitos.

Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reacções emocionais excessivas, tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluída.

Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões. Seja discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o TAO.

Não entre em competição com os demais, a terra que nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas próprias virtudes e qualidades, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros. Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação.

Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão. Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria. Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato. Não saber é muito incómodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.

Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade. Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.

O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o que o incomoda nos outros é uma projecção do que não venceu em si mesmo. Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda. Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles.

Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afectam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de os convencer para ser feliz. O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo.

Pratique a arte de não falar. Tome algumas horas para se abster de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO. Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.

Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação. Porém, tem que ter cuidado para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.

Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo. Não force, manipule ou controle o próximo. Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser. Por outras palavras, viva seguindo a via sagrada do TAO.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

As pedras do budismo




Os ensinamentos de Buda Sakyamuni transmitida através de numerosas linhagens de mestres que se espalharam por vários países. Quando morreu, seus ensinamentos estavam bem estabelecidos na região central da Índia. Havia muitos seguidores leigos, mas o coração da comunidade eram os monges mendicantes, os bhiksus. Sua doutrina se espalhou por uma poderosa rede de mosteiros e tomou diversas formas, adaptando-se a diferentes situações históricas e culturais. Essa característica flexível do Budismo seria determinante para sua difusão. Por ser ele mesmo mutável e impermanente, o Budismo tem um mecanismo interno que barra o fundamentalismo – risco presente em outras religiões, cuja história está manchada de sangue.
Não deveis aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque está nas escrituras”, disse Buda. Como sua ênfase é a compaixão, o Budismo não define a si mesmo como solução melhor que qualquer outra. O Budismo primitivo, a rigor, nem era uma religião, mas um conjunto de práticas morais e mentais. No que diz respeito à meditação, essas práticas podem ser vistas como simples técnicas, que não implicam em compromisso com nenhum tipo de religiosidade.
Como resultado da sua expansão, cerca de 300 anos depois da morte de Buda, o Budismo já se dividia em 18 escolas. Seus ensinamentos, mantidos por transmissão oral, agora estavam escritos. Vários concílios foram organizados para dar homogeneidade às escrituras das diversas escolas. Um deles, realizado no século III a.C., resultou no chamado Cânone Páli, o registro mais antigo dos ensinamentos budistas. Pouco depois, o Budismo dividiu-se em duas tradições, cada uma delas afirmando-se como possuidora do verdadeiro sentido da palavra de Buda. A tradição Theravada, ou “à maneira dos antigos”, que se baseava exclusivamente nos textos escritos na língua páli, espalhou-se pelo sudeste da Ásia. Para o praticante Theravada, Buda não era um deus, mas sim um grande sábio. O objetivo do caminho Theravada é iluminação individual.
A outra tradição é a Mahayana (literalmente “Grande Veículo”), que se instalou sobretudo na China, Coréia e Japão. A base de seus ensinamentos também está na prática da meditação. No Budismo Mahayana, porém, Buda já não é apenas um sábio, mas uma divindade reverenciada. Assim como os chamados bodhisatvas, seres considerados iluminados, que adiam sua entrada no nirvana para poder ajudar na iluminação de outros.Sidarta, ou Buda Sakiyamuni, jamais se apresentou como um enviado, salvador ou reencarnação de quem quer que fosse. Nos seus discursos não há referência sequer ao fato de que existe reencarnação. Ele não disse palavra a favor ou contra a idéia de Deus.
O conceito de buda já não se restringia a Sidarta, o Buda Sakyamuni. Passou a definir um princípio fundamental de iluminação espiritual. Sakyamuni já não era mais “o” buda, mas sim “um” buda. As tradições orientais sustentam que houve muitos budas no passado e que ainda haverá muitos outros no futuro. Ampliando o conceito de que há tantos budas quanto grãos de areia, expandiu-se amigavelmente pelo Oriente, incorporando uma infinidade de arquétipos ou divindades locais. Isso explica por que existem tantas imagens diferentes do Iluminado. Quando ele é representado como um asceta esquelético, refere-se ao Sidarta da fase pré-Buda. Quando mostrado como um meditador sereno, é o Buda Sakyamuni.
O mesmo ocorre com os dhianybudas, ou budas da meditação, aos quais se atribuem significados ocultos. Ou com as 21 belas figuras da jovem Tara – representação do aspecto feminino e compassivo de Buda, cultuada na tradição tibetana. Também vêm do Tibete as famosas imagens de budas em abraços sexuais com suas consortes, um símbolo da unidade entre iluminação e sabedoria.
Apesar do grande florescimento que teve em sua terra natal, o Budismo foi varrido da Índia em decorrência das invasões dos hunos no século V d.C. e dos islâmicos nos séculos XII e XIII. A corrente que mais se expandiu foi a Mahayana, por ser menos ortodoxa que a Theravada. O maior desenvolvimento do Budismo aconteceu na China, onde chegou no século I d.C., e, depois, na Coréia e no Japão. Seu encontro com as tradições chinesas deu origem à escola de meditação Ch’an e, mais tarde, no Japão, ao Zen Budismo. “Zen” é uma palavra japonesa derivada do chinês ch’an, que vem do sânscrito dhyana – técnica que, segundo a psicologia do yoga, conduz a um elevado estado de consciência em que o homem une-se com o universo. Os chineses preferiram encontrar essa união no trabalho cotidiano, em vez de na meditação solitária numa floresta, como o próprio Sidarta.
O Zen é um dos mais importantes herdeiros da vertente Mahayana -– só equiparado pela corrente Vajrayana, que se desenvolveu no Tibete. Chamado de “Caminho do Diamante”, o Vajrayana tem suas origens encravadas em textos budistas do século II, registrados nos chamados tantras, escrituras esotéricas sobre a transformação da mente através de meditações, visualizações e ritos. Essa linha surgiu no norte da Índia há cerca de 2 000 anos e hoje é seguida pela tradição tibetana.
O Budismo só penetraria no Ocidente a partir do século XIX, com o estudo das culturas da Índia e a publicação de O Mundo como Vontade e Idéia. Nesse livro, o alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), que influenciaria muitos outros filósofos, como Friedrich Nietzsche, mergulha nos ensinamentos budistas.

Principios do budismo

AS QUATRO NOBRES VERDADES
  • Sofrimento: É a característica básica da nossa existência. Tudo é sofrimento: nascimento, doença e morte; encontrar algo não apreciado; não obter o que se deseja, separar-se de algo desejado. 
  • Origem do sofrimento: Sua causa está nos anseios, nos desejos, no apego e na sede de satisfação dos sentidos. Tudo isso prende as pessoas ao ciclo da existência (samsara). 
  • Cessação do sofrimento: Pela eliminação dos desejos e do apego pode-se extinguir o sofrimento. 
  • Caminho que leva à cessação do sofrimento: Para os budistas da linha Theravada, o meio de pôr fim ao sofrimento é o Nobre Caminho Óctuplo. Para os budistas da linha Mahayana, são as Seis Perfeições.
O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO
  1. Compreensão correta, baseada no entendimento das Quatro Nobres Verdades e na consciência de que não existe um “eu” individual: tudo está interligado.
  2. Atitude correta, favorável à renúncia e à boa vontade, buscando não prejudicar os seres sensíveis.
  3. Fala correta: evitar mentir, caluniar e bisbilhotar.
  4. Ação correta: evitar, sobretudo, matar, roubar e praticar sexo ilícito (estupro e pedofilia, por exemplo).
  5. Modo de vida correto: evitar profissões que causem sofrimento aos outros, como caçador ou fabricante de armas.
  6. Esforço correto: pensar antes de agir, cultivando pensamentos, palavras e ações nobres.
  7. Atenção correta: percepção contínua do corpo, dos sentimentos e dos objetos de pensamento.
  8. Concentração correta: o cultivo de uma mente tranqüila, que encontra seu ponto mais elevado na absorção meditativa.
AS SEIS PERFEIÇÕES
  1. Generosidade
  2. Paciência
  3. Ética
  4. Esforço entusiástico
  5. Concentração
  6. Sabedoria
OUTROS CONCEITOS-CHAVE

Buda provavelmente falava num dialeto chamado maghadi e seus ensinamentos foram registrados na língua páli. Salvo exceções indicadas, os termos a seguir estão na forma como foram transliterados do sânscrito ou na maneira como foram incorporados à língua portuguesa.
  • Ahimsa: “Não-violência”. É a base ética do Budismo.
  • Anatman:“Não-eu”. Para o Budismo, não existe um “eu”: cada um de nós é uma soma de várias experiências de vida, em eterna mutação. Ignorar isso é a principal causa do sofrimento.
  • Arhat:“Santo”. Pessoa que atingiu a iluminação quase completa. O ideal do caminho Theravada.
  • Bhiksu:Monge mendicante que entrou para a vida errante.
  • Bodhisatva:Ser que aspira à condição de Buda pela prática das seis perfeições e que se compromete a abrir mão do nirvana até que tenha levado todos os seres sensíveis à iluminação. É o ideal do caminho Mahayana.
  • Carma:“Ação”. É a lei de causa e efeito que rege o universo. Não significa destino no sentido fatalista, mas sim o que recai sobre cada um como resultado do seu comportamento.
  • Darma:“Doutrina”. O termo Budismo é uma invenção ocidental para o que os budistas chamam de Buda-darma: ensinamento de Buda; lei cósmica; caminho para o nirvana.
  • Impermanência
  • Transitoriedade da matéria, do pensamento, do corpo humano e da própria idéia de “eu”. Como todas as coisas são impermanentes, nos escapam tão logo tentamos possuí-las. A frustração desse desejo de posse é a causa imediata do sofrimento.
  • Mahayana:“Grande veículo”. É um dos caminhos do Budismo. Inclui a maior parte das escolas existentes.
  • Lama (tibetano):“Ninguém acima”. Significa guru, mestre espiritual.
  • Nirvana:“Extinção”, “apagamento”. É a meta da prática espiritual. Não deve ser entendida como aniquilação, mas sim como entrada em outra forma de existência. Psicologicamente, é um estado de grande liberdade e espontaneidade. “O nirvana nos ensina que já somos aquilo que queremos nos tornar”, diz o monge vietnamita Thich Nhat Hanh.
  • Samsara:“Roda do sofrimento”. Ciclo que rege a inquieta existência humana e se alimenta de apego, desejos, ódio e ilusão. É nele próprio que se deve procurar sua extinção – ou nirvana.
  • Sunyata:“Vazio”, “vácuo”. Conceito segundo o qual todas as coisas – incluindo você, leitor – não contêm essência, apenas aparência.
  • Tendrel (tibetano):“Interdependência”. Tudo depende de outra coisa. Observador, observação e objeto observado são partes de um só movimento.
  • Theravada:“À maneira dos anciãos”. Uma das principais escolas do Budismo, é a mais tradicionalista.
  • Vajrayana:“Veículo do diamante”. Caminho tântrico e ocultista do Budismo.

A árvore da sabedoria silenciosa

Ao longo dos últimos 2 500 anos, os ensinamentos de Buda floresceram em dois ramos principais.
O primeiro – Theravada, ou Hinayana, “Caminho Estreito” – para os puristas e ortodoxos, foi para um lado. O segundo – Mahayana, “Grande Caminho” –, aberto a todas as experimentações, foi para o outro e se multiplicou em uma espantosa variedade de movimentos e escolas espiritualistas, inclusive no Ocidente

 
1 - Theravada (Séc. II a.C.)
O Theravada tem hoje 125 milhões de adeptos (38% dos budistas) em Sri Lanka, Birmânia, Laos, Tailândia e Camboja. O movimento segue as antigas escrituras na língua páli, na qual foram registrados os primeiros documentos budistas. Sua prática enfatiza a busca da iluminação individual. O nome Hinayana (Pequeno Veículo), comumente atribuído a eles, foi criado pela corrente Mahayana e não é aceito pelos Theravada

2 - Mahayana (Séc. II a.C.)
A corrente principal do Budismo tem hoje 185 milhões de adeptos (56% do total). O Mahayana (Grande Veículo) abriga várias escolas e linhagens. Não professa o caminho individual mas “a iluminação em benefício de todos os seres”. É aberto a diferentes crenças e ritos devocionais e enfatiza a prática da compaixão

3 - Vajrayana (Séc. II)
Essa linha tem hoje 20 milhões de adeptos (6% dos budistas), principalmente nos países do Himalaia: Tibete, Butão, Nepal e Mongólia O Vajrayana (Veículo do Diamante) surgiu no norte da Índia e, mais tarde, chegou à China, ao Japão e ao Tibete. Prosseguimento dos métodos Theravada e Mahayana, tem suas origens nos tantras, escrituras esotéricas que ritualizam diversas práticas para a transformação da mente

4 - Zen
Desenvolve-se a partir do século XII no Japão, buscando o máximo de simplicidade e desprezando o intelectualismo e os aspectos sobrenaturais e ritualísticos das religiões. Cada ato do cotidiano deve ser uma meditação. Essa mentalidade criou artes e disciplinas especiais para desenvolver a concentração, como jardinagem, arranjos florais e outras modalidades:

  • Pintura: O que mais importa é o espaço vazio, buscando o máximo de expressividade com o mínimo de pinceladas
  • Poesia: Sua forma tradicional está nos haikai, poemas curtíssimos como este clássico de Mitsuo Bashô.
  • Koans:São uma espécie de pegadinhas, sem respostas lógicas, usadas para treinar a mente: “Que som é produzido quando se bate palmas com uma mão só?”
  • Cerimônia do chá:Preparar essa bebida tão simples torna-se um ritual de atenção plena e absorção em quietude espiritual
Japão
Presente no país desde 621, o Budismo dá origem a várias escolas e seitas, nas quais se mistura ao Xintoísmo – grupo de antigas religiões locais. A escola que mais se expandiria no Ocidente é a Zen

China
O Budismo chega ao país no século I e funde-se à religiosidade local. Nas novas escolas que surgem, nem sempre se percebe onde acaba o Budismo e onde começa o Taoísmo – doutrina de Lao Tsé, para quem o Tao, “fluxo natural”, é a essência do universo. A escola Ch’an (Meditação) é uma espécie de avó do Zen Budismo

Tibete
No século VIII, o Budismo Vajrayana funde-se com as religiões xamânicas do Tibete, altamente ritualizadas. O Budismo tibetano organiza-se em quatro escolas principais, formadas por várias linhagens (Nyingma, Gelupa, Kagyiu e Sakya)

Sidarta Gautama, O Buda (563 a.C. – 483 a.C.)
Duzentos anos depois da morte de Buda, ainda na Índia o Budismo se divide em dois movimentos: Mahayana e Theravada seguem os sutras, discursos feitos por Sidarta. Quatro séculos depois, surge um terceiro movimento (Vajrayana) com base nos tantras, ensinamentos secretos também atribuídos ao Buda

A trilha do mestre

Os caminhos percorridos pelo Buda em vida vão do Nepal ao nordeste da Índia
1. Lumbini
Sidarta Gautama nasceu na primavera de 563 a.C. no antigo reino dos sakyas – região que hoje pertence ao Nepal

2. Kapilavastu
Aqui ficava o palácio onde, durante 29 anos, o príncipe Sidarta desfrutou de uma vida de luxo e prazeres – até abandoná-la para partir em sua busca espiritual

3. Uruvela e Bodhgaya
Depois de seis anos jejuando e meditando em Uruvela, ele deslocou-se para Bodhgaya, uma região próxima. Esse local tornou-se o maior centro de peregrinação budista, pois foi onde Sidarta atingiu a iluminação

4. Sarnath
Foi em Sarnath (perto da atual Varanasi), que Buda fez seu primeiro discurso depois da iluminação e revelou as Quatro Nobres Verdades, base da sua doutrina

5. Rajgir
Aqui Buda recebeu apoio de comerciantes e da realeza, o que permitiu fundar mosteiros que se tornaram os principais centros de difusão de seus ensinamentos

6. Nalanda
Construída no tempo de Buda e fortemente influenciada por sua doutrina, Nalanda foi uma das primeiras universidades do mundo. No seu apogeu, teve 1 500 professores de disciplinas como gramática, filosofia, astronomia e medicina. Foi destruída pelos muçulmanos no século XIII

7. Kushinagar
Foi nessa região, hoje ocupada pelo Nepal, que o Buda morreu, aos 80 anos, em 483 a.C. Segundo seus discípulos, ele teria atingido o que chamam de mahaparinirvana (“grande cessação da existência”). Suas últimas palavras: “Tudo é impermanente”

E a pedra fundamental.... o caminho do meio....

  • A prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a auto-indulgência e a morte;
  • O meio-termo entre determinadas visões metafísicas;
  • Uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidades aparentes no mundo são ilusórias.